Nunca como agora se falou tanto de gestão de saúde, dos problemas que globalmente afetam o setor e dos desafios diários que os profissionais, cada vez mais sobrecarregados, enfrentam.
Os últimos três anos da pandemia de Covid-19 foram um exemplo claro das lacunas existentes nos sistemas de saúde globais, o que teve reflexos evidentes no esgotamento de muitos médicos, enfermeiros, assistentes e especialistas de outros setores associados.
Locais de trabalho caóticos e o trabalho de equipa deficiente (atendimento de um grande número de pacientes num curto período de tempo), são apontadas como fragilidades inerentes à atividade e à pressão a que os profissionais de saúde foram sujeitos durante o período da pandemia e que trouxeram à tona os inúmeros desafios que enfrentam no exercício da sua profissão. Isto com impacto tanto na sua saúde física como mental, e, inevitavelmente, na qualidade do serviço final.
Aliás, um estudo internacional feito pela Vatornews comprova exatamente esta realidade, ao constatar que, em 2021, em pleno auge da pandemia, o burnout chegou aos 60% entre os profissionais de saúde norte-americanos. Esta pesquisa, que envolveu mais de 20 mil médicos nos EUA, descobriu que, no final de 2019, a taxa de esgotamento destes profissionais era de 45%, valor que acabaria por subir para 50% no final de 2020 e novamente para 60% no final de 2021. Não será de estranhar, por isso, que a intenção destes profissionais saírem do sistema de saúde tenha passado de 24%, em 2019, para mais de 40% no fim de 2021.
Torna-se cada vez mais prioritária a criação de sistemas de apoio psicológico direcionados para os profissionais de saúde, que permita um melhor controlo dos níveis de stress e ansiedade a que estão expostos.
A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado para esta problemática e para a necessidade de se tomarem medidas para minimizar os problemas que afetam estes profissionais. De acordo com o seu mais recente relatório, já são visíveis sinais de melhoria. Após a pandemia, os sistemas de saúde dos vários países começaram a mostrar sinais de recuperação, revelando a diminuição da taxa de serviços interrompidos de 56%, em 2020, para 23%, em 2023.
Ainda assim, é necessária a implementação de novas medidas por parte das entidades prestadoras de cuidados de saúde para fazer face a este problema, que não teve origem na pandemia, e que impacta significativamente o bom funcionamento dos serviços de saúde.
De forma a garantir a sustentabilidade e eficiência dos sistemas de saúde, as entidades devem priorizar o investimento em infraestrutura adequada, equipamentos modernos e tecnologia avançada — só assim, serão bem-sucedidas no aumento da capacidade de atendimento e melhoria da eficiência operacional.
Além de ser fulcral um compromisso contínuo, as entidades devem apostar no aumento do recrutamento de profissionais de saúde qualificados, de forma a fortalecer os seus sistemas e serviços.
Menos desafios, melhores práticas e programas
Os sinais de melhoria estão aí, mas é necessário fazer mais e melhor para parar este ciclo e tomar medidas para que o “fantasma” do burnout não continue a pairar. Daí a importância de todas as unidades de saúde, implementarem boas práticas e programas que, cada vez mais, assegurem a existência de work-life balance, garantam apoio psicológico e planos de formação. Por isso, é fundamental contarem com um parceiro especializado para pôr em marcha uma estratégia anti-burnout e que consiga assegurar as melhores soluções internas e externas, por exemplo, através de serviços de outsourcing, como forma de reforço dos serviços e de simplificação do recrutamento, tornando-o mais eficaz e atempado, evitando a sobrecarga das equipas.
Os processos de gestão em saúde são complexos e agora, mais do que nunca, as unidades de saúde têm de munir-se dos mecanismos e parceiros certos que os ajudem a criar ambientes profissionais saudáveis e a encontrar profissionais resilientes, com uma ótima capacidade técnica, proatividade e competências de problem-solving. Isto aliado a uma aposta eficaz em inovação e tecnologia só pode contribuir para que haja especialistas mais motivados e um atendimento aos pacientes mais seguro, eficaz e qualificado.
Tudo para o bem da saúde dos nossos profissionais e de um setor que tem como prioridade a saúde de todos nós.